Gosto muito de escrever sobre aquilo que se passa comigo. Sempre uso essa desculpa para me safar de trabalhos domésticos: “Deus criou minhas mãos para eu escrever e não para cozinhar, lavar ou passar,” eu digo incessantemente, querendo me convencer e convencer os outros disso. Nem sempre consigo, mas é verdade.
Bem, recebi uma mensagem de um amigo falando sobre meu relacionamento com Deus e acabei dizendo que nós dois (eu e Deus) estávamos em silêncio há alguns anos. Quero explicar isso melhor.
Passei por alguns momentos de muitas perguntas sem respostas na minha vida espiritual, conforme a minha compreensão na época. Tive que tomar decisões contrárias ao rumo que estava tomando e não importa o quanto tenha buscado a Deus por uma direção, essa nunca chegou da forma como esperava. Optei pelo que minha razão mandou. Foram muitos meses de angústia e de sentimento de abandono. Eu, como legítima pentecostal que era, não conseguia mais ouvir a voz de Deus, outrora tão audível (literalmente – mas isso é outra história).
Um dia, na minha escola de inglês The Way to English, onde ensinava através de textos bíblicos, estava copiando a letra da música da semana, hábito que cultivei ao longo de todos os anos em que a escola funcionou. Havia escolhido aleatoriamente a música Be still da banda australiana Hillsongs, cujo refrão é o versículo homônimo a esse texto. Era um domingo e chorei muito, pois senti que aquele versículo se aplicava a mim naquele momento. Precisava de paz e de quietude. Minha alma estava angustiada.
Quando fui para a igreja, na hora do louvor a minha querida Pastora Doralice Alves, a Pretty Woman, como a chamo (Ô mulher linda!), começou a cantar uma música que falava a mesma coisa. Ela chamou à frente as pessoas que sentiam que Deus estaria lhes falando. Fui e chorei mais. Deus estava falando comigo, como há muito não percebia.
Na noite de segunda-feira, tive um insight enquanto dormia, o que acontece com frequência. Vinha-me à mente um sermão completo, uma extensão do versículo em questão, sobre aquietar o corpo, a alma e o espírito. Ilustrações sobre cada um dos ‘três pontos’, versículos afins, enfim, esse seria o tema de minha próxima pregação, quando alguém me chamasse, coisa que não acontecia há tempos. Passei o dia pensando sobre isso.
Na noite seguinte, sonhei com minha queridíssima Pastora Célia Almeida, minha inesquecível ‘mãe na fé’, como dizem nos meios evangélicos, que me embalou espiritualmente nos meus primeiros anos de fé cristã evangélica, com a ternura típica das progenitoras. No sonho, estávamos numa reunião de oração e ela levantava e dizia que eu traria a palavra, ao que freneticamente me neguei, dizendo que não tinha nada a transmitir ao grupo. Ela insistia, afirmando categoricamente que Deus havia me dado uma palavra. Lembrei-me do insight da noite anterior. Relutei, mas com a insistência, aceitei o desafio. Acordei-me antes de completar a tarefa, que aparentemente deveria ser feita em público, o que nunca aconteceu. Era a terceira vez em poucos dias que essa palavra viva de Deus chegava ao meu coração.
Porém, como o bom humor perpassa todas as minhas experiências, a quarta e definitiva vez que ouvi Deus transmitindo para mim essa palavra foi num ambiente inusitado: uma banca de revistas, uma daquelas espaçosas o suficiente para o freguês entrar e escolher livremente seus produtos. Tinham dois rapazes conversando ao meu lado. Porém, só nessa hora comecei a prestar atenção. Aparentemente, um dos dois havia se convertido a uma igreja evangélica recentemente. Por não se encaixar no perfil, o outro amigo não-crente duvidava :
- Você, evangélico? Hahahaha! Não acredito! E as farras? E a cachaça?
- Não, cara, agora eu quero é Deus.
- Quer dizer que aos domingos você, ao invés de encher a cara, vai para a igreja?
- Sim!
- Não acredito. Quer dizer que domingo passado você foi à igreja?
- Sim!
- Pois prove! O que foi que o pastor pregou?
- “Aquietai-vos e sabei que sou Deus!”
Saí da banca com a certeza que Deus havia falado comigo.
Desde então, tenho estado quieta. Em inglês, quieta (“quiet”) significa “em silêncio”. O texto em inglês, conforme a Nova Versão Internacional (NIV, em língua inglesa), adota o termo “still”, que quer dizer “parado, sem movimento”. Considero-me em outro momento da minha caminhada espiritual. Há tempos de falar e de calar, como disse o sábio. Esse é meu momento de calar. Não faço mais perguntas a Deus. Não espero respostas. Mas na minha quietude, a presença irrefutável do meu Criador, mesmo que seja em silêncio, fala alto, tão alto que, mesmo sem ouvi-lo, sei que está ali. Aquietei-me. Já sei que Ele é Deus.
Minhas estórias
Oi, gente,
Esse blog foi criado para que meus amigos pudessem acompanhar minha aventura em Cornell. Digo aventura porque passar 4 meses e 8 dias fora de casa, sem o marido e sem o filho, sem os familiares e amigos, em uma cidade em outro país a cerca de 10.000 km de distância é mais do que o Indiana Jones poderia sonhar!
Só que quando voltei de Cornell, resolvi continuar registrando minhas estórias e reflexões. Tenho muitas coisas pra contar!
Comecei a perceber isso quando em minhas aulas, não importa qual o assunto, sempre tinha alguma experiência pra contar. Até num incêndio eu já estive! E às vezes me dá um comichão e tenho que sentar pra escrever e compartilhar minhas estórias. Adoro escrever. Já pensei em escrever um livro e publicar, mas vamos economizar papel e ficar por aqui mesmo.
Neste blog irei postar textos, fotos, vídeos, etc.
Escrevo em inglês e em português, pois compartilho esse blog também com pessoas que não falam português.
Um beijão!
Débora
Esse blog foi criado para que meus amigos pudessem acompanhar minha aventura em Cornell. Digo aventura porque passar 4 meses e 8 dias fora de casa, sem o marido e sem o filho, sem os familiares e amigos, em uma cidade em outro país a cerca de 10.000 km de distância é mais do que o Indiana Jones poderia sonhar!
Só que quando voltei de Cornell, resolvi continuar registrando minhas estórias e reflexões. Tenho muitas coisas pra contar!
Comecei a perceber isso quando em minhas aulas, não importa qual o assunto, sempre tinha alguma experiência pra contar. Até num incêndio eu já estive! E às vezes me dá um comichão e tenho que sentar pra escrever e compartilhar minhas estórias. Adoro escrever. Já pensei em escrever um livro e publicar, mas vamos economizar papel e ficar por aqui mesmo.
Neste blog irei postar textos, fotos, vídeos, etc.
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Um beijão!
Débora
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Ameeeiii,
ResponderExcluirJá me perguntei inumeras vezes da sua queitude com relação a Deus e isso suscitou muitas dúvidas ao meu coração, mas hoje encontrei a resposta. Não foi só a você que Deus falou. Essas palavras me explicam muitas coisas. Aproveite sua quietude e descanse. Na verdade essa quietude é um presente.
Bjs
SC
Debora, estou perplexa com esta palavra, pois foi essa mesma palavra que recebi há duas semanas atrás ... Deus usou a Midiâ pra me abençoar com esta palavra.
ResponderExcluirE realmente, é neste silêncio que mais tenho sentido Deus ... não escuto, mas sinto e percebo constantemente o cuidado de Deus.
Que palavra poderosa!!! I'm speechless. =O
ResponderExcluirAnd I'm really happy! =D
O agir de Deus nos deixa as vezes meio zonzos, sem explicações imediatas. O silêncio é a ferramenta mais poderosa de Deus, pq só assim nós nos damos conta de q está algo está diferente. Fico muito feliz por mais um passo da sua caminhada. Crescer com Deus é algo inexplicavelmente difícil, mas é algo que jamais devemos abrir mão.
Xoxo, Dani.