(TEXTO ESCRITO PARA A CADEIRA DE EPISTEMOLOGIA - PROF ANDRÉ HAGUETTE - 10/9/2009)
Primeiramente definirei conceitos. ‘Acreditar no Brasil’ significa acreditar que o Brasil um dia será um país justo. Por ‘país justo’, primeiramente, refiro-me a um país onde os direitos humanos são respeitados. Um país democrático, apesar da utopia do termo, no sentido que haja um governo para o povo que vise verdadeiramente o bem estar social. Um país onde os impostos pagos pelos cidadãos sejam canalizados para moradia, escolas, hospitais, segurança, transporte, lazer, saneamento, entre outras necessidades humanas básicas. Um país onde as transgressões sejam a exceção e não a regra e que essas sejam devidamente tratadas. Um país que dê oportunidade a todos igualmente e onde não haja concentração de renda – muito na mão de poucos e pouco na mão de muitos. Alguns dizem que o Brasil está mudando para melhor, mas temos índices sociais vergonhosos que só não vê quem não quer. É nisso que não acredito mais: que o Brasil possa, num futuro que eu possa ver, se tornar um país justo.
Nasci em 1964, no ano do golpe militar. Cresci ouvindo meu pai afirmar que enquanto os militares estivessem no poder, o Brasil não mudaria. Em 1984, ano da forjada ‘Diretas Já’, eu tinha 20 anos. Era cheia de esperanças e acreditava no meu país. Eu havia passado seis meses fora num programa de intercâmbio nos EUA e tinha certeza de que meu lugar era na minha pátria natal, apesar dos grandes desafios sociais, educacionais, políticos que tínhamos que enfrentar. Votei com orgulho na primeira eleição direta, apesar de meu candidato ter sido o tucano Mário Covas, pois na época não tinha maturidade nem entendimento para ser a anti-neo-liberal que me intitulo hoje. Derrotada nas urnas, presenciei o colapso Collor de Melo e vi mais uma vez nossa nação ser manipulada e enganada. Meu pai faleceu em 1989. Não chegou a vislumbrar nem de longe a mudança que esperava. Pelo contrário, decepcionou-se quando votei na Maria Luiza, pois se ele era contra os ‘milicos’, tanto mais contra os ‘comunistas’. A essas alturas, mais consciente politicamente, eu acreditava nos partidos de esquerda. Presenciei o boicote à primeira representante feminina do PT e me desiludi com o sistema político brasileiro. Frustrei-me por mim e por meu pai e há alguns anos decidi anular meu voto em todas as instâncias, pois não quero sentir-me culpada por mais enganos políticos a que nossa nação seja submetida. Minha única convicção política é ser anti-neo-liberal – só sei o que não sou.
Em 1996, aconteceu uma revolução interna em mim: minha conversão ao cristianismo evangélico. Achei que tinha finalmente encontrado a solução para os problemas brasileiros e por vários anos lutei pela igreja evangélica, pois acreditava que, através da ética cristã por ela ensinada, muitas mudanças poderiam ocorrer no Brasil, inclusive politicamente, pois se candidatos verdadeiramente cristãos fossem eleitos, as tão sonhadas mudanças ocorreriam. Cheguei a votar no Garotinho para presidente, só para presenciar mais um vexame (foi quando decidi parar de votar). No meio evangélico, minha decepção veio quando percebi que a ética protestante e o espírito capitalista (V. Max Weber) estavam acima da mensagem primitiva do evangelho e que os meus ‘irmãos’ estavam muito mais preocupados com as bênçãos de ordem de prosperidade material individual do que com uma justiça social que abrangesse a nação brasileira. Admito o ativismo das igrejas em ação social, mas a tática da instituição é no fundo proselitista e dogmática. A estratégia é, ao mostrar que são ‘abençoados por Deus’, arrebanhar as multidões. Quase me deixei levar quando percebi que não sou capitalista e anseio por um modelo diferente de governo, mais humano, menos mercantilista e que a igreja evangélica no formato de hoje se apropriou muito mais das idéias iluministas de progresso do que da mensagem original de Cristo, de quem basicamente só sobrou o nome. Religiosamente, continuo cristã e do evangelho, mas não da instituição religiosa.
Hoje resolvi fazer a minha parte e seguir o conselho musical de Michael Jackson: “Se você quiser fazer do mundo um lugar melhor, olhe para si e mude” . Tento ser uma boa cidadã, passar o que acredito para meu filho e para as pessoas ao meu redor. Profissionalmente, ensino inglês. Acredito que isso pode trazer ascensão cultural e social. Tento seguir as instruções de Cristo e não faço aos outros aquilo que não gostaria que fizessem a mim. Ajudo ao próximo como posso. Mas enquanto houver a pobreza que vejo nos sinais, assim como as invisíveis presentes na pobreza cultural do povo brasileiro (refiro-me à cultura enquanto instrução), realmente não acredito que na minha vida verei no Brasil o país justo que anseio.
Minhas estórias
Oi, gente,
Esse blog foi criado para que meus amigos pudessem acompanhar minha aventura em Cornell. Digo aventura porque passar 4 meses e 8 dias fora de casa, sem o marido e sem o filho, sem os familiares e amigos, em uma cidade em outro país a cerca de 10.000 km de distância é mais do que o Indiana Jones poderia sonhar!
Só que quando voltei de Cornell, resolvi continuar registrando minhas estórias e reflexões. Tenho muitas coisas pra contar!
Comecei a perceber isso quando em minhas aulas, não importa qual o assunto, sempre tinha alguma experiência pra contar. Até num incêndio eu já estive! E às vezes me dá um comichão e tenho que sentar pra escrever e compartilhar minhas estórias. Adoro escrever. Já pensei em escrever um livro e publicar, mas vamos economizar papel e ficar por aqui mesmo.
Neste blog irei postar textos, fotos, vídeos, etc.
Escrevo em inglês e em português, pois compartilho esse blog também com pessoas que não falam português.
Um beijão!
Débora
Esse blog foi criado para que meus amigos pudessem acompanhar minha aventura em Cornell. Digo aventura porque passar 4 meses e 8 dias fora de casa, sem o marido e sem o filho, sem os familiares e amigos, em uma cidade em outro país a cerca de 10.000 km de distância é mais do que o Indiana Jones poderia sonhar!
Só que quando voltei de Cornell, resolvi continuar registrando minhas estórias e reflexões. Tenho muitas coisas pra contar!
Comecei a perceber isso quando em minhas aulas, não importa qual o assunto, sempre tinha alguma experiência pra contar. Até num incêndio eu já estive! E às vezes me dá um comichão e tenho que sentar pra escrever e compartilhar minhas estórias. Adoro escrever. Já pensei em escrever um livro e publicar, mas vamos economizar papel e ficar por aqui mesmo.
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Escrevo em inglês e em português, pois compartilho esse blog também com pessoas que não falam português.
Um beijão!
Débora
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Li. Após a leitura, entre tanta coisa que você escreveu sobre a construção de seu pensamento político, me veio o texto em que Jesus ensina sobre vinhos e odres. "Não se põe vinho novo em odres velhos". Hoje,nesse momento extremamente crítico quanto ao papel da igreja institucional, seja ela de origem protestante ou católica, eu tenho muita certeza de que esses odres estão mais do que velhos. Coincidência ou não, nessa semana tomei a decisão de romper qualquer vínculo com esses velhos odres; o que de fato já vinha acontecendo. Porque sei que Deus quer derramar vinho novo e essas velhas estruturas não aguentam mais nem o cheiro do que virá! Por isso, amada, para que não confundamos nossa não-conformação com desesperança, é mister que renovemos nossas forças através do vinho novo, e que joguemos os velhos odres fora! O Reino de Deus, que já está entre nós, não pertence à igreja evangélica ou católica, mas àqueles que guardam no coração e na mente todo o conselho do Rei, estando disposto a enfrentar se preciso, a própria "igreja", quando esta tornar-se um paradoxo do Reino que diz representar. Se o Brasil será "justo" um dia; não sei. Quanto a nós, nos foi proposto pelo Rei um caminho de "sede" de justiça, com promessa de saciedade. Que bela esperança!
ResponderExcluirPessima mistura a sua de falar de religiao em vez de se limitar ao assunto do post. Ela nao falou de Deus nem de Jesus Cristo mas sim de politica e acoes sociais.
ExcluirNão sei nem quem você é, mas vi que você não entendeu nada do que eu escrevi. Deixa pra lá.
ExcluirEu nao sei se voce é imigrante ou nao, eu sou! Te falo que eu tambem nao acredito mais neste país que eu larguei pra trás.
ResponderExcluirMuita gente nao acredita e fez o mesmo que eu. Eu sugiro pra voce é fazer as malas, pois me parece uma pessoa inteligente,ainda dá tempo.