Minhas estórias

Oi, gente,

Esse blog foi criado para que meus amigos pudessem acompanhar minha aventura em Cornell. Digo aventura porque passar 4 meses e 8 dias fora de casa, sem o marido e sem o filho, sem os familiares e amigos, em uma cidade em outro país a cerca de 10.000 km de distância é mais do que o Indiana Jones poderia sonhar!

Só que quando voltei de Cornell, resolvi continuar registrando minhas estórias e reflexões. Tenho muitas coisas pra contar!
Comecei a perceber isso quando em minhas aulas, não importa qual o assunto, sempre tinha alguma experiência pra contar. Até num incêndio eu já estive! E às vezes me dá um comichão e tenho que sentar pra escrever e compartilhar minhas estórias. Adoro escrever. Já pensei em escrever um livro e publicar, mas vamos economizar papel e ficar por aqui mesmo.

Neste blog irei postar textos, fotos, vídeos, etc.

Escrevo em inglês e em português, pois compartilho esse blog também com pessoas que não falam português.

Um beijão!
Débora


terça-feira, 21 de junho de 2011

Jamaica 1 - First impressions - Primeiras impressões

Como minha pesquisa é sobre o movimento rastafári, que teve início na Jamaica, resolvi ir até aquele país para sentir um pouco o objeto que tenho estudado tanto desde 2009. O ideal teria sido fazer a pesquisa lá, mas na ocasião do pleteio da bolsa não tinha conseguido fazer nenhum contato com alguém que pudesse ser meu orientador. Como o Centro de Estudos e Pesquisas Africanas aqui em Cornell é um centro de referência no assunto, meu orientador no Brasil, o Prof, Henrique Cunha Jr. já tinha sido professor visitante aqui e consegui o contato com a Profa. Byfield, achei que também seria muito proveitoso e não estava errada. Minha pesquisa aqui tem avançado a passos largos.

Porém, surgiu a oportunidade de ir à Jamaica, pois estou mais perto e haveria um simpósio sobre o assunto na Universidade de West Indies, em Kingston, capital do país. Além do simpósio, haveria uns eventos anuais comemorativos do movimento rastafári, em homenagem à Leonardo Howell, considerado o primeiro rasta. A Profa. Byfield conseguiu fazer contato com o Prof. Michael Barnett, que se prontificou a me ciceronear na Jamaica. A viagem foi extremamente proveitosa, pois pude ver na prática aquilo sobre o qual tenho lido.

Minha primeira impressão do país foi um pouco diferente daquilo que havia no meu imaginário. As belas praias que são tão conhecidas nos anúncios de cruzeiros no Caribe ficam fora da cidade de Kingston e achei as condições físicas mais precárias do que no Brasil. Enquanto a renda per capita do Brasil é US$10,000, a da Jamaica é US$5,000. Mas a geografia da ilha é linda, com vegetação tropical e muitas montanhas. Dizem que Cristóvão Colombo, o primeiro europeu a aportar lá na era dos "descobrimentos", ao lhe perguntarem como era o local, amassou uma folha de papel para descrever o relevo irregular da região. O clima quente e gostoso achei semelhante à Fortaleza.

Fiquei hospedada no alojamento de estudantes da Universidade de West Indies para facilitar minha locomoção, pois boa parte dos eventos seria lá. O quarto não era essas belezas e tive que comprar um ventilador, mas as vantagens eram maiores que as desvantagens. Dentro do campus tem restaurantes e banco, ou seja, o que eu precisava.


A população negra da Jamaica é de 91.6%. Eu nunca tinha estado num lugar com tantos negros.



Num evento que eu participei numa escola, todas as crianças olhavam muito para mim e um grupo veio me abordar querendo saber quem eu era, de onde, meu nome, etc. Eles me cercaram ao redor do carro quando fui pegar uma coisa. Me senti como uma peça rara. Uma olhou para mim e disse: "Seu cabelo é lindo!" Certamente porque é diferente, porque particularmente naquele dia meu cabelo estava horrível, tanto que eu estava de chapéu com o cabelo preso num rabo mal feito.


Outra impressão que tive logo na chegada foi em relação à língua. Como a ilha foi colonizada pelos ingleses, a língua oficial é inglês, mas o sotaque é bem distinto, às vezes incompreensível para mim, e as pessoas nas ruas falam o patois, TOTALMENTE INCOMPREENSÍVEL! No mesmo evento na escola, uma garota recitou um poema comparando o inglês padrão com o patois. Achei muito interessante. Ela começa falando o padrão, mas no fim ela diz que gosta mesmo é do patois. (Sorry, only for those who know English)

http://youtube/0bybQE43sYk

Mas adorei minha viagem à Jamaica. Pude sentir um pouquinho o sabor dos Rastas. Passei quase o tempo todo convivendo com eles, tentando conversar (quanto eu compreendia) e sentindo na prática o que até então era mais teórico (embora já conheci outros rastas, mas não da Jamaica). Valeu a pena.

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